segunda-feira, novembro 11, 2002

 
Tenho lido tantas poesias ultimamente. E é incrível como sempre encontro um poema para expressar meus momentos. Gostaria eu, saber escrever em versos as coisas que sinto. Ainda que fossem versos soltos, rimas pobres... mas não é para mim. Há quem os faça ou fez por mim. Este é para minha madrugada solitária...

Quando estou só reconheço

Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.
E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.
Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por cousa esquecida.

Fernando Pessoa

 
Saudade

Saudade é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não
foi embora, mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam, é a dor dos que ficaram para trás, é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos: não ter por quem sentir saudades, passar pela vida e não viver. O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

Pablo Neruda

quinta-feira, novembro 07, 2002

 
Olhar acarinhando
Seduzindo
Um sorriso gostando
Entregando

Gesto insinuando
Tirando
Uma língua provando
Degustando

Palavras molhando
Delirando
Duas bocas fazendo
Enlouquecendo
Corpo deitando
Oferecendo
Minhas pernas abrindo
Convidando

Lábios chamando
Querendo
Minhas mãos empurrando
Trazendo

Eu gemendo
Sofrendo
Chorando
Morrendo

Sonhar como se você me faz
pesadelo ?

Fernando Pessoa

terça-feira, novembro 05, 2002

 

Todo Sentimento

Preciso não dormir até se consumar o tempo da gente
Preciso conduzir um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente
Pretendo descobrir no último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento, e bota no corpo uma outra vez
Prometo te querer, até o amor cair doente
Doente
Prefiro então partir a tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder, te encontro com certeza
Talvez no tempo da delicadeza
Onde não diremos nada, nada aconteceu
Apenas seguirei como encantado ao lado teu

Cristovão Bastos e Chico Buarque

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